terça-feira, 18 de junho de 2013

17 de junho de 2013

Ontem foi um dia muito importante, daqueles que só acontecem uma vez na vida. Para mim, o aniversário de quatro anos da minha primeira obra de arte, dona Helena, seus lindos olhos verdes, cabelos loiros e toda a esperteza de que se há notícia.
Muito provavelmente, daqui alguns anos, esta data ainda apareça nas buscas pela internet (ou seja lá o que haverá no futuro), mas pelas inúmeras manifestações Brasil afora. Vai constar como o dia em que o povo foi às ruas, que o país acordou ou algo deste gênero.
A queixa inicial era o preço da passagem, tendo começado todo o movimento pelas bandas do sul: preço subiu, povo parou a cidade, preço desceu. Outras passagens subiram, mais povo às ruas, as verdadeiras razões se agregaram, as massas se avolumaram, o país parou.
Vencida a lorota da imprensa dominante, vieram as verdadeiras queixas: dinheiro sem limites para as obras da Copa, altos salário dos políticos vs. as tantas e infindáveis carências do Brasil - saúde, educação, salários dignos, transporte público, etc, etc e outros tantos etc.
Não tenho absolutamente nada contra os protestos, não creio que o país devesse ser sede de coisa alguma, certamente falta muito recurso em todas as áreas. Porém, e sim, porém, as coisas são muito melhores do que foram em outros momentos de gastança.
Juscelino fez Brasília. Um elefante branco, no meio do absoluto nada, que serviu para dar emprego aos muitos candangos e para gastar cerca de 1 BILHÃO de dólares. Como era no meio do nada, praticamente todo o material veio de avião. Analfabetismo na época? 16%, hoje é a metade.
Médici começou - e ninguém terminou - a Transamazônica. Aproximadamente SETE BILHÕES de dólares, um bom punhado de gente morta, para um arremedo de estrada que em sua maioria nem asfaltada é, motivo pelo qual passa intransitável metade do ano. O pib do país era US$ 35 bi (atualmente é de 239 bilhões). Obviamente ninguém saiu para protestar, era ditadura, não se voltava para casa para contar o acontecido.
Resumo da ópera? Muito provavelmente as pessoas que realmente movem o governo - vereadores, deputados e senadores - eram a mesma maioria que são agora: elitistas, filhos de coronéis, de empresários, povo de dinheiro, que eleição sim e outra também, se elegem pelo voto desse mesmo povo que sai às ruas. A pessoa da vitrine muda, mas os bastidores, não. Não adianta eleger um presidente do P-Sol e colocar o neto do ACM - e todos os seus coleguinhas de escola particular - no mesmo saco.
Só colocar a cara na rua não basta. Tem que colocar a cabeça para funcionar.