terça-feira, 3 de novembro de 2015

Laços

Pertencemos a uma geração diferente de mulheres. Fomos ensinadas a buscar o que queremos, ir atrás dos nossos sonhos, metas, objetivos. Sempre almejando o melhor, buscando o aprimoramento, realização.
Profissional.
Mas... e o pessoal?
Por que é feio querer o mesmo quando o assunto é o coração?
Entrei para a estatística dos divórcios e comecei a enxergar melhor as relações. É fácil reconhecer quando falta algo, de fora é sempre mais fácil. Falta um bom bocado de coragem para mudar, outro tanto de comunicação no decorrer da vida, probleminhas que se tornam problemões, hoje distância, amanhã abismo.
Então, lá estamos: curso superior, pós graduação, emprego estável, casa, carro, filhos. E, um certo dia, do lado de um estranho. Relações não duram, não porque as pessoas são fúteis, não duram porque ninguém se dedica a ser bom o suficiente para manter seu posto. Porque endurecemos, nos fechamos, passamos a conversar menos com quem está ao nosso lado do que com os demais. Paramos com os cartões, bilhetinhos, fazemos pouco caso de quem "ainda" o faz.
Nos dedicamos muito a construir carreira, patrimônio; querer uma relação que nos complete o máximo possível não pode ser visto como sinal de leviandade. Não levanto bandeira feminista, até porque acho que deveria ser válido para os dois (ou mais) gêneros, mas há que se ter coragem de mudar. De buscar o melhor. Gostamos muito de avaliar a duração dos laços, mas por que não tentar mantê-los o mais apertado possível? 
E laço que não une, sufoca. Puxa, desamarra e deixa voar.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Somos

Mãe culpa.
Mãe polvo.
Mãe pressa.
Mãe pai.
Mãe boba.
Mãe chef.
Mãe dúvida.
Mãe medo.
Mãe dívida.
Mãe imperfeita.
Mãe de pracinha.
Mãe mais que perfeita.
Mãe de dois.
Mãe culpa.
Mãe sedentária.
Mãe atleta.
Mãe bem que queria ser atleta.
Mãe camareira.
Mãe manicure.
Mãe enfermeira.
Mãe olheiras.
Mãe casada.
Mãe separada.
Mãe juntada.
Mãe escabelada.
Mãe faxineira.
Mãe culpada.
Mãe irritada.
Mãe estressada.
Mãe orgulhosa.
Mãe desarmada.
Mãe ouviu um eu te amo... mãe apaixonada.

domingo, 19 de julho de 2015

Não diga que não deu certo

Mutável.
A vida é assim.
Ouvi por muitos anos - 13, para ser mais exata -: a característica mais importante do homem é a capacidade de adaptação. E nisso reside nos adequarmos não só àquilo que escolhemos, mas a tudo que a vida coloca diante de nós.
Vai parecer uma constatação meio ressentida, mas tudo acaba. Se não por ser dado um fim em vida, por alguma das partes deixar este mundo mortal. É o curso natural das coisas.
Porem, nem todo o fim é derrota.
Não importa o enredo, chegar ao ponto de admitir o final de um relacionamento é igualmente dolorido, seja a história bonita ou não. Assumir que não se é mais a mesma pessoa, que não tem mais a mesma capacidade de fazer alguém feliz é, não por ironia, triste. É um castelo que cai, uma série de sonhos que vai, um arranjo de família que se transforma.
Mas... dizer que o casamento não deu certo? Desculpa, discordo, e muito!
Deu certo enquanto éramos o certo um para o outro.
Deu certo enquanto éramos 100%, enquanto o meu sorriso morava lá e o dele, cá.
Até porque, não tem como achar que não deu certo algo que gerou dois lindos frutos, educou e continuará educando. Algo que construiu patrimônio, dividiu experiências, cresceu, amadureceu, enfim, "virou gente" ao longo de mais de uma década. Somos pessoas muito melhores e mais experientes, e isso aprendemos juntos, as coisas boas e as nem tanto.
Éramos um casal legal. Nova meta: ser um "não casal" igualmente legal. Temos dois pedaços de nós misturados, crescendo e aprendendo, e por elas seguiremos tentando ser pessoas melhores, sejam lá quais forem os novos arranjos familiares.
Só quero sorrisos nos rostos de todos.

Admitir a derrota também é uma vitória. 
Amarga, mas a vida adoça <3 br="">