segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Guardados I

Sou uma devedora.
Não de dinheiro, porque esse o trabalho nos dá, mas de algo muito mais difícil de pagar.
Devo amor, devo carinho, devo elogios, devo minha vida. E quase tudo para os mesmos credores.
Não deixo de pagar por não ter moeda, mas sim por não saber trocá-la, convertê-la em algo palpável. Vou guardando-as para mim, mas isso não me enriquece, somente torna mais pobre quem deveria ser pago.
Às vezes consigo fazer o câmbio, e distribuo pequenas porções de atenção, mas logo minhas reservas acabam, e continuo colocando tudo no meu “caderninho”, contabilizando corações, sorrisos e abraços que recebi e não retribuí adequadamente. Estou quase sempre no negativo.
Questiono-me como ainda não perdi o crédito com meus bons pagadores e posso concluir , tão somente, que eles são muito ricos! Afinal, diferentemente do $$$, quanto mais damos, mais temos!
Se funciona dessa forma comigo? Acho que não, meu feedback tem um certo defeito... Gratifica muito ver que uma palavra, um abraço ou um simples olhar podem fazer valer o dia, mas parece que depois de distribuir alguns poucos, perco o jeito.
Racionalmente falando, conheço bem as pessoas que me cercam, sei do que elas precisam, mas me sinto pobre, porque não consigo dar-lhes nem metade do que recebo. Bom, e mesmo que não me dessem nada, é muito menos do que merecem.
Há sempre um "mas"...
Começo a entender a coisa estranha.
(Agosto, 2008)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Beatriz

Havia um ou dois meses que eu estava desgostosa da minha sugestão de nome para a nossa filha. Sim, fui eu quem sugeri e eu quem desisti.
Nada demais, numerologia a parte, a questão principal foi o impacto do nome. Ninguém confunde Helena com outra coisa; até o cidadão de comportamento e hábitos pouco divulgáveis lá do serviço sabe. Mas Luiza... Como é mesmo? Laura? Júlia? Nem a avó conseguiu decorar, o que dirá o pvo em geral. Seria a irmã da Helena, minha outra filha e assim por diante.
Beatriz, aquela que faz os outros felizes.
Só quem não vai gostar muito da mudança é a tia Béia, que irá bordar o enfeite de porta =)

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Vinte e cinco semanas

É engraçado, parece que faz uma eternidade que estou grávida, mas, por outro lado, as coisas vão voando. Precisava mesmo do sr. Einstein pra dizer que o tempo é relativo?
Dona Luiza vai bem obrigada, crescendo, e muito! Pensei que a barriga não estava de acordo com o tempo de gestação, e descobri que não está. Espiei algumas fotos da gestação da Helena, a pança vai umas cinco semanas a frente. Assim dá um certo medo de não cumprir a meta de dispensar a peridural.
Achamos a gestação cansativa, mas só descobrimos como é fácil carregá-los assim depois que vem para fora. Conversava sobre a injustiça de mandar-nos bebês tão dependentes! Poderiam lançar um projeto de Lei Divina, um aumento no tempo de gestação em troca de rebentos que façam mais que dormir, sujar, chorar e mamar ao nascer.
Ideias a parte, as coisas vão bem, com os problemas de sempre (ciático, desconforto pelo peso da barriga+Helena, que anda a pedir colo) e algumas culpas novas... A imprensa fez um complô, duas reportagens sobre segundo filho na mesma semana, quase desesperei! Questões como tempo, achar que nunca mais vai conseguir dar atenção para o primogênito, suas regressões de comportamento, fora todas as metas que vão ficando pelo caminho...ai, ai, ai! Well, we will survive! I hope...
No mais é esperar, pois o amor de verdade é aqui fora.

Um ano e sete meses

Ali está, aquela alemoa melada, sentada na sua motoca, curtindo seu vício televisivo: os Backyardgans! Mas para ela é somente o PAB! Pablo, diz, e com veemência. Não adianta tentar fazê-la pronunciar qualquer outro personagem, olha de olhos verdes arregalados, enche as bochechas e manda... PAB!!! Quando a programação não está do seu agrado, chama o amigo, senta no sofá, pega o controle da TV e depois o do DVD; ainda não descobriu alguns detalhes, mas o principal já sabe.
No quesito fala anda no mesmo ritmo, ou seja, lento. Mamãe e papaí quando estritamente necessário; Pab; auá, que às vezes sai auô; pau (tchau), com sua mão abanante; ai quando cai; mã mã, que é não... Frases são muito raras, dia desses saiu um "pau, papai", mas foi o único da história, sabe-se lá quando será repetido.
A parte da manha e da teimosia, por sua vez, cresce com os cachos dourados! Quando se joga de popô ao solo, por birra, nunca sai o "ai", somente um choro estridente, aquele de criança que se joga no chão do mercado, sabe? Estamos aprimorando as técnicas de combate, embora a vontade seja somente de dar uns safanões.
Das coisas ao seu redor resolveu dar-se por conta. Voltou do passeio na praia (15 loooongos dias de correrias pelo pátio, banhos de mangueira, de mar, rede, balanço...) decidida a falar com as gatinhas, a afofar e babar minha barriga ou tentar fugir, não sem antes dar tchau, quando qualquer pessoa passa pela porta. Sabe de quase tudo, isso tenho certeza, acho que fez um voto de silêncio para safar-se de dar explicações.
Ah, sim, e linda, cada vez mais, com seus grandes olhos verdes, grandes pestanas e um sorriso cheio de dentes! Teve sua primeira paixão de verão, passou os dias a fazer caras e bocas para o primo de 2° grau, o mais tímido de todos... Teoria da sua avó: não gosta das facilidades, foi atrás do mais difícil... Ah, sim, o primo tem 20 anos.
Ai, ai, ai, olha o que me espera!!!

Abandono de Blog

Nossa, querida Mena, posso por a culpa, em parte, pela rapidez com que o tempo avança. Um dia se passa sem escrever, logo mais uma semana e quando vê foi-se um mês! Fora isso, parece-me que gestar, além de ocupar os neurônios, bagunça a relatividade do tempo. Ah, sim, crianças de 1 ano e meio também aceleram os dias!
Tentarei retomar minha assiduidade, uma vez que assuntos não me faltam, trata-se de uma questão organizacional. Até onde vai minha frequência não posso afirmar, pois como sabes, até então, melhor que eu, dois miúdos, de fato, fazem os dias passarem a dois por vez!