quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

R.I.P.

E se finalmente o homem descobrisse como viajar no tempo, para onde você iria? Ou voltaria?
Para mim? Uma passagem de ida e volta ao meu velório, por favor.
Não é nenhum tipo de palpite sobre minha morte, não é curiosidade mórbida sobre o quando, tampouco sobre o como. É um parâmetro sobre a minha vida.
Aniversários, casamentos, formaturas, jantas de final de semana cheios. Mas e o final?
Quando você não puder dar nada em troca?
Quantas pessoas vão se aglomerar no horário de visita do hospital?
Quantas cadeiras vão sobrar ao redor do meu caixão?
Quantas histórias e quantas risadas serão dadas?
Qual o tamanho do vazio que irei deixar?
Quantas rosas, quantas faixas, quantos sinceros descanse em paz?
Sim, quero muitas pessoas, preferencialmente de bengalas, celebrando a vida que tive, os papéis que desempenhei, as almas que toquei. Rindo das minhas mancadas, aprendendo com meus erros, fazendo com excelência o que fiz de forma medíocre.
Quero fila para uma última olhada, falta de lugares para sentar, gente encostada na cerimônia do lado, par ou ímpar para decidir quem vai me carregar. Acima de tudo, quero que todos se divirtam pensando o que eu diria disso tudo.

Minha meta: viver por um (muito distante) velório cheio.