quarta-feira, 28 de abril de 2010

Para que um blog então?

Há quase oito anos atrás, quando Lula assumiu a presidência do nosso país, praticamente todos (incluindo o presidente em questão) acreditaram que reformas revolucionárias invadiriam as ruas, cidades e estados da União. Não foi assim. As mudanças vieram de forma mais macia, mais lenta e gradual, com muito mais sutilezas, diplomacia e até um certo cinismo, necessário às relações adultas - sejam ela dentro da nossa casa ou em nível mundial.
Não estou aqui para falar mal do presidente (não o faria), nem bem também (até o faria), época de eleição, não quero ir presa. O assunto em questão é o meu blog.
A ideia era simples: um lugar para falar do dia a dia, coisas boas ou não tão boas, sem melodrama, para quem quisesse ler. Parece tão simples, né? Nada simples, questões diplomáticas muito complexas. Do que é feito meu cotidiano? Trabalho e relações interpessoais.
Não sou suficientemente idiota para falar mal do meu trabalho, com ou sem nomes revelados, mesmo tentando ser ética. Compartilho as coisas boas, as situações engraçadas, mas não posso, por exemplo, falar que é uma droga ter 20 pacientes em um lugar onde cabem doze. Ops, falei... O presidente apertou a mão do Obama, chegou a ser considerado por ele "O Cara", até andou fazendo algumas afrontas tarifárias, mas jamais diria ao Tio Sam que foi o Vietnã quem ganhou a guerra.
No que tange o outro aspecto, não me pronunciarei. Países de fronteira não devem ser contrariados. Vizinhos próximos (falo de países!!!), mesmo que sejam um Uruguai da vida, estão sempre ao nosso lado, se não para o bem, também não para o mal. Não convém pisar nos calos de quem pode, por muito pouco, fechar as fronteiras e acabar com as relações cordiais.
Então do que se fala em um blog??? De amenidades! As pessoas não falam sobre receitas, viagens, tricô, cachorros, etc, etc, etc, porque gostam dessas coisas, mas sim porque não podem falar do que realmente querem. Mentiras e inverdades da vida adulta.
Inventarei o meu "Boas Noites", meu "Mary Westmacott", alguém que viva uma outra vida que não a minha, assim poderei falar do que acontece a uma certa enfermeira mãe de família...

domingo, 25 de abril de 2010

Nota de uma companheira censurada

A ditadura baixou aqui em casa.
Um barbudo de farda rubra impediu-me de externar minhas concordâncias e discordâncias para com a vida alheia. Provável mágoa pela derrota do partido que rege a sua bandeira.
Falaria eu sobre meus acertos e desacertos, sobre o que gosto ou não, sobre antes estar só do que acompanhada (não necessariamente mal). Enumeraria os porquês e as razões da minha escolhida (eventual e oportuna) solidão, sobre conselhos e pitacos, infundados ou não, mas o DOPS calou-me.
Aqui a direita veste encarnado e esconde-se em sua diplomacia habitual.
O protesto vem do azul.

Ocitocina

Há umas duas semanas atrás, conversava com uma das médicas lá do meu trabalho sobre parto, se realmente doía ou não, entre outras coisas, e comentei que a lembrança da dor é muito remota, logo deduzo que não era nada excruciante. Chegamos, então, na tal história de a ocitocina (hormônio que nos faz ter contrações, que liberamos quando damos de mamar, quando estamos perto de alguém que amamos, enfim, o hormônio do amor!) ter propriedades "amnésicas" (existe tal palavra???), como alguns anestésicos usados em cirurgias.
Pois bem, com ocitocina ou sem, graças ao bom Deus, tem muita coisa que a gente acaba esquecendo. É para o bem da humanidade!!!! Falando sério, se lembrássemos de todos os passos iniciais da vida em família, de todas as nossas dúvidas, de todos os choros indecifráveis, de quantas horas dormíamos ou deixávamos de dormir, não teríamos, nunca, mais de um filho. E não escrevo isso para fazer drama, ou para ser triste, como me disse meu marido enquanto bisolhava meus escritos, só para partilhar minhas ideias.
Graças a este mesmo Deus, os meses passam, e, ao contrário de quase todas as outras facetas da nossa vida, na parte maternal ficam muito mais as lembranças alegres do que as tristes. Lembramos muito mais do primeira vez que nos olhamos nos olhos, primeiro sorriso, do primeiro dente, dos baláblablás, passeios em família, caras e caretas ou muitas outras ínfimas coisas que essas pessoinhas fazem e que nos deixam tão felizes!
Depois dizem que ocitocina não é bom...

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Cartão para o Bernardo

Compadres
Desculpem a indiscrição no tamanho do cartão, mas não tem problema, combina com o Bernardinho...hihihi...
Ficamos muito felizes quando soubemos que estavam grávidos, mais ainda quando fomos convidados a partilhar os cuidados e a educação dessa pessoinha. Sempre torcemos pela realização dos sonhos daqueles que amamos =)
Daqui para frente a vida será mais completa (no início meio repleta...rs) e com mais sentido do que jamais sentiram. Vão se perguntar como pode ser possível sentir tanto amor, em tão pouco tempo, por alguém que está a tão pouco tempo no mundo. Vão poder carregar e acarinhar e amar o maior milagre de Deus, alguém feito de vocês dois, alguém que era somente um pontinho pulsante há menos de um ano atrás.
Enfim, serem PAI e MÃE, com todas as dores e delícias incutidas nessa árdua e linda tarefa. Estamos sempre por perto para o que precisarem, afinal, como me disse meu compadre uma vez, afilhado é quase filho, ?
Parabéns, que Deus e o Santo Anjo os abençoem e estejam sempre junto de vocês!
Beijos,
Pati, e Helena.

P.s: Chegou o Bernardo, afilhadão lindo da dinda: dia 22/04/2010, às 6h28, pesando 4375g e medindo 51cm!!!

sábado, 17 de abril de 2010

Um dia ainda escrevo um livro (2)

Enfermeira fazendo "sala de espera" com as gestantes, grampeando folheto explicativo nas carteiras de pré-natal.
- Não, não, não, enfermeira, na minha não coloca grampo!
- Mas por quê???
- Porque no presídio não pode entrar com grampo, e só posso ir na visita íntima se levar a carteirinha.

Adolescente na sala de parto, neném quase nascendo, mãe incentivando a filha a fazer força.
- Vamo, Fulana, faz direito pro neném nascer logo, tu não tá fazendo como tem que ser!
- ...
- Vamo, Fulana, não é assim!!!
- MÃE, TU NÃO ME CRITICAAAAA!!! EU COM DOR!!! NÃO ME CRITICAAAAA!!!
Depois disso o neném nasceu.

Neném nasceu, enfermeira e pediatra atendendo no berço, tudo certo.
- Pesou quanto?
- Ainda estamos secando, vamos pesar em seguida. Ali a balança, ó, o senhor pode tirar foto do peso se quiser.
Neném pesado. Nenhuma fita métrica na redondeza.
- E quantos centímetros, dotôra???

Nasceu um menino.
Levamos para o berço de atendimento, pai veio junto. Desenrolamos para secar e eis que o rapaz tinha documentos avantajados.
O pai olhou para a cara.
Olhou para o pinto.
Olhou para a cara.
Olhou para o pinto.
Olhou para o pinto.
Olhou para o pinto...

Jornalistas da mamãe

Sempre gostei de escrever. Meu pai me disse uma vez que eu me expressava muito bem, comentário a respeito de uma missiva "pós separação" que havia destinado a ele. Nossa língua, porém, não estimula o amor pelas letras: é pouca regra e muita exceção!
Minha mãe, sócia fundadora do meu fã-clube, achava mesmo que eu deveria ter feito jornalismo, já imaginava-se comprando jornais com a minha coluna diária. Muito realista que sou, não pretendia morrer de fome, então fiz Enfermagem. Tampouco ficar rica, então fiz Enfermagem.
Eis que um dia resolvi fazer um Blog. Parecia-me mais simples a confecção e customização do dito cujo, afinal, está cheio de aborrecentes blogueiros por aí. Fiquei me sentindo uma adulta antiquada, mas consegui fazer o básico... Nascia minha coluna particular, não remunerada, mas sem editor para revisar ou censura da direita para vetar opiniões revolucionárias.
A mais original das ideias, pensava eu! Maravilha! Derramaria aqui todos os anos de criatividade armazenados na minha cabeça ou expostos a muito menos que os muitos leitores que me visitariam diariamente. Pessoas sobreviviam através de seus Blogs, era uma profissão: blogueira. Viver de contar ao mundo quantos cocos minha filha fez hoje, onde eu encontro boas roupas tamanho 50, o que achei do programa tal... isso para viver. Fácil, né?
Pois não sei se já observaram, mas na parte superior da tela existe um link, "próximo blog". Fui passando mundo por mundo, inúmeros infinitos particulares, entrando em algumas casas, me identificando com algumas famílias. O que descobri? Um sem fim de Marthas Medeiros e Davis Coimbras frustrados! Cronicas, textos, piadas, depoimentos, tudo no reconhecido estilo "isso-até-eu-escrevia" (frase dita ao jornal, quando lemos um texto alheio), comum a nós, escritores menos famosos.
Vê só, né, mãe realmente é tudo igual! Pelo visto a minha não era a única que sonhava ter uma filha jornalista =)