quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

"Não quero lhe falar, meu grande amor, das coisas que aprendi nos discos..."

Cresci em uma família de classe média. Bem média.
Tínhamos um Fusca 78, comprado de um amigo em uma hora de aperto, que ficou conosco por 21 anos; um apartamento de 2 quartos em um condomínio-pombal (comprado graças a sorte da minha tia, que ganhou na loteria), posteriormente trocado por uma casa tão furreca que compramos somente como terreno; estudamos alguns anos em escola particular, mas a maior parte na escola pública; quase nunca saíamos para comer fora; não fui pra Disney nos meus 15 anos... Medíocres.
Eis que em 1999 as coisas melhoraram. Reformamos a casa-terreno, o Fusca foi trocado por um Gol, entrei no cursinho pré-vestibular, veraneamos em uma casa decente, em uma praia decente. E seguiram melhorando. Em 2000 passei na UFRGS, tirei carteira de motorista... e aí pioraram.
Considerando a grande economia proporcionada por entrar em uma universidade pública, gratuita e de qualidade, eu ganharia um Uno como gratificação. Ganhei uma madrasta, péssima troca. Perdi o carro que andava, o que ganharia e muitas outras coisas não materiais. Andei de ônibus por 10 anos, fiz muito estágio, bico de verão, enquanto meu Uno era investido em outras poupanças (não sei se literalmente ou não).
Quando resolvemos juntar os trapos, sabíamos que começaríamos do zero. O casamento já deu o tom da nossa marcha: algumas contribuições, mas o gasto era do nosso bolso. Apartamento alugado, nada de carro, diversões baratas, tudo para tentar juntar uma grana. Crise dos 7 anos no relacionamento, muito bem resolvida e com chave de ouro: Helena. Depois disso compramos apartamento, maridão virou funcionário público, Helena nasceu cheia de saúde. Agora a cereja do bolo: nosso carango.
Pretendemos deixar bem mais do que nos foi deixado para os nossos, mas é muito bom bater no peito e poder dizer: EU CONSEGUI! Tu não me deu, mas eu busquei! Estou no meu apartamento, graduada e pós graduada, empregada, vou viajar no meu carro porque trabalhei e conquistei. Não ganhei de pai, nem de marido. Ninguém me tira (só a Caixa ou o Santander, mas isso é outra história...rs).
Um leve desabafo, para não perder a forma.
P.s.: quando digo "eu", incluo aí meu amor. Ele está no meu singular e no meu plural =)

Um comentário:

  1. MARA!! Conseguiu sintetizar muito bem, mantendo as 'sensações' huahuahua
    A foto tá lindaaaa!! E mais uma vez, parabéns!! =D
    Amote, e me orgulho muito de ti!!

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